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Foto do escritorMafra Editions

A poesia "Por tanto tempo" de Olavo Bilac: análise poética

Essa poesia de Olavo Bilac é repleta de elementos que evocam sentimentos profundos e uma conexão íntima com a natureza e o cosmos. A poesia "Por tanto tempo" de Olavo Bilac é um mergulho profundo nos tumultos internos de um eu lírico que se encontra em um estado emocional intenso. O poema retrata um momento de contemplação noturna, onde a conexão com o céu estrelado desencadeia uma torrente de sentimentos.

 

A estrutura do poema é marcada por um fluxo de consciência que revela a intensidade dos sentimentos do poeta. A repetição do verbo "fitar" no primeiro verso enfatiza a fixação do olhar no firmamento e como essa imagem permanece viva na mente do eu lírico mesmo após o momento de contemplação.

A dualidade de emoções é notável na segunda estrofe, onde a descrição da cena celestial contrasta com a dor visceral expressa no "último grito" contido no peito, sugerindo uma luta interna entre o sofrimento e a serenidade do céu estrelado.

 

A natureza é personificada como uma testemunha da dor do eu lírico. O céu é descrito como "piedoso" por ter sentido a angústia do poeta, enquanto elementos naturais, como o céu plácido, o vento que murmura e as nuvens transparentes, compõem uma atmosfera melancólica que ecoa a dor interior do poeta.

A imagem da via-láctea, comparada a um "jorro de lágrimas ardentes", ressalta a intensidade e a profundeza da dor sentida, conectando-a ao universo em uma simbiose de emoções humanas e elementos cósmicos.


Por tanto tempo, desvairado e aflito,

Fitei naquela noite o firmamento,

Que inda hoje mesmo, quando acaso o fito,

Tudo aquilo me vem ao pensamento.


Sal, no peito o derradeiro grito

Calcando a custo, sem chorar, violento...

E o céu fulgia plácido e infinito,

E havia um choro no rumor do vento...


Piedoso céu, que a minha dor sentiste!

A áurea esfera da lua o ocaso entrava.


Rompendo as leves nuvens transparentes;

E sobre mim, silenciosa e triste,

A via-láctea se desenrolava

Como um jorro de lágrimas ardentes.


Jamila Mafra

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